Sábado pela manhã. Sara e eu caminhamos pelo calçadão de Londrina, após um expresso, um machiatto e um pão de queijo em uma cafeteria. Entre a São Paulo e a Rio de Janeiro, sentamos um pouco para apreciar o movimento. Uma trilha sonora urbana nos acompanha: buzinas, passos, vozes indistintas, risos de crianças, de vez em quando um choro. Parecia até o ensaio de uma orquestra. Cada instrumento com seu som, alguns graves, outros agudos. Há os mais salientes:
- Doutor, me dá vinte centavos pra uma pinguinha.
- Dois chips de celular por dez reais.
- Moça, vamos fazer um cartão hoje?
- Olha que beleza o oxigênio, você sabe quem criou? Diz um pregador.
- Que cachorro mais lindo!
- Gostosa!
- Brasil mostra sua garra, diz alguém em um palanque.
- Me dá um dinheiro pra comida!
- Olha a estátua viva. Mas, estátua se mexe? É uma estátua dinâmica!
- Vamos por aqui que estou com pressa.
- Mãe, é um desses que eu quero. Compra pra mim? Não enche menino!
- De onde vem esse barulho? Está ouvindo? Pi, PI, PI, PI. É da estátua. Será?
Essa diversidade de sons é acompanhada da diversidade humana. Nossa! Como tem gente diferente no mundo!
Mas, uma constância chama minha atenção: a bermuda do londrinense. Todos os homens que estavam de bermuda - meninos, velhos, jovens, maduros, grisalhos, morenos, loiros, calvos, negros, pardos, brancos, altos, baixos - tão diversos, mas semelhantes no comprimento da bermuda. Sempre abaixo dos joelhos!
Sara sugere que eu faça uma contribuição para o artista da estátua. Aproximo-me e leio o que estava escrito no pequeno cartaz afixado ao tubo onde as moedas caindo adicionam mais um som à trilha sonora matutina:
"Sua contribuição mostra sua cultura e valoriza minha arte"
Penso: Não tenho nenhuma bermuda que cubra meus joelhos. Preciso comprar uma. Mas, acabou o verão! Fica para o ano que vem!
Nenhum comentário:
Postar um comentário