terça-feira, 19 de janeiro de 2016

O acompanhante surdo mudo

Há muito tempo ela queria experimentar. Algumas amigas já tinham feito. Assim como ela, todas tinham entre 50 e 55 anos de idade. Passavam a temporada no litoral paranaense.
Entre o Natal e o Carnaval seriam quase 60 dias. Ela ficava sozinha entre segunda de manhã e sexta à tarde. Os filhos, Eduarda e Jorge, já haviam retornado para suas casas com os netos. Os dois eram sócios de uma pequena empresa de confecções no interior de São Paulo. Tinham vindo só para as festividades de fim de ano. O marido, executivo de uma grande empresa em Curitiba, passava a semana no escritório da empresa.
Naquele fim de semana, ele avisou que não viria. A empresa recebia uma comitiva da China e ele ficara incumbido de ciceroneá-la. Era uma negociação importante. Ele poderia até receber uma promoção se o negócio fosse fechado.
Foi a oportunidade que ela teve. Ficaria quase dez dias sem ver o marido. Como diz o velho ditado, a ocasião faz o ladrão. Tomou coragem e fez uma busca no google: acompanhante masculino litoral Paraná. Entre as muitas opções, achou aquele que as amigas haviam comentado: Vipscorts - sofisticação e satisfação juntas.
A vantagem desse serviço estava na forma de negociação: atendimento on line. Nervosa, mas decidida, percorreu o menu de escolha. Sua atenção foi atraída pela foto de Johny e a frase abaixo dela: Carinhoso e discreto. Muita ação e pouco papo. Tentou o chat com ele. Estava on line. Depois de algum tempo, combinaram de se encontrar. Ela o pegaria em frente a um supermercado, no caminho do ferry-boat. Iriam a um motel. Embora estivesse sozinha no apartamento, preferiu não arriscar.
Ao chegar no local do encontro, ela o viu. Parecia um pouco mais velho e mais gordo, mas ainda assim atraente. Ela lembrou do marido e hesitou um pouco. Deu uma volta na quadra. Estava decidida. Precisava dessa experiência. Todas as amigas já tinham feito. Parou o carro, abriu a porta e perguntou:
_ Johny?
Ele apenas sorriu e entrou no carro. Ela ficou em silêncio. Não sabia o que dizer. Dirigiu até o motel. Na portaria pediu uma suíte master com hidromassagem.
Ao entrarem, Johny a abraçou, começou a beijá-la, ao mesmo tempo em que tentava desnudá-la. Nesse momento, ela quis conversar um pouco:
_ Calma, vamos conversar um pouco. Beber alguma coisa.
Johny apontou para os ouvidos, abriu a boca, não emitiu nenhum som. Sorriu.
Ela entendeu. Seria muita ação e pouco papo. Aliás nenhum!
Teria muito pra contar para as amigas no dia seguinte. Johny foi fiel ao lema.

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