sábado, 19 de agosto de 2023

Longa vida aos livros!

"O vídeo cassete apareceu no mundo e sumiu. Eu nunca tive um." Quem disse isso foi o cobrador de uma estação tubo em Curitiba. Não pude deixar de ouvi-lo. Ele, já idoso, conversava com outro passageiro que, como eu, aguardava a chegada do ônibus. Falava alto. Talvez, devido à idade, como muitas pessoas mais velhas, a voz mais alta seja indicador de algum problema de audição. Quando entrei, não respondeu ao meu bom dia. Mas, pode ter sido apenas desatenção,  pois já conversava com o outro passageiro.

Enfim, não importa. O que merece atenção aqui é o que ele disse sobre o vídeo cassete. A fala dele me levou ao final dos anos 80 do século passado. Lembrei-me de minha viagem a Helsinque, capital da Finlândia, em 1988. Fora para participar de um evento científico de minha área de estudos. Primeiro evento internacional da carreira que já passou de quatro décadas. Os organizadores deram de presente para cada participante um CD com músicas de Jean Sibelius, compositor clássico finlandês.

Naquele ano, eu ainda não possuía um tocador de CDs, um CD player. A tecnologia era ainda recente, do começo dos anos 80. Trouxe o CD comigo. Mas, passaram-se uns dois ou três anos antes de eu ouvir as músicas de Sibelius em um CD player. Me sentia satisfeito com o famoso "3 em 1" que tínhamos. Além de rádio, tocava os discos de vinil e as fitas cassetes. Mas, um dia, enfim, com o novo aparelho, ouvi o CD de Jean Sibelius. E, aos poucos, os CDs foram ocupando o lugar das fitas cassetes e discos de vinil.
Assim como aconteceu com o vídeo cassete, o "streaming" está fazendo o mesmo com os CDs. Sumirão do mundo um dia. Se é que já não sumiram!
Mas, eu poderei dizer: eu tive um CD player! E o cobrador também! Pois, enquanto o ônibus demorava a chegar, ele contou ao outro passageiro que sempre gostou de música. Quando os CDs chegaram, ele não demorou a se desfazer do "3 em 1".
Com a evolução tecnológica, do que será que nos despediremos no futuro? Torço apenas para que a próxima vítima não seja o livro. Embora, eu publique minhas crônicas primeiramente nesse blog, vezenquando as junto em um livro. Longa vida aos livros!

domingo, 13 de agosto de 2023

O que está em um nome?

Hoje, em algum momento da conversa com Fernanda, a filha caçula, surgiu a questão: por que Fernando Antonio?
Falávamos de Londrina. Fernanda, minha companheira e eu. Sobre o que está no centro de Londrina. Biblioteca Pública, Museu Histórico, Museu de Artes, entre outros prédios e locais. De repente, alguém mencionou a Concha Acústica. Criada no ano em que nasci. 1957. Disso, veio a lembrança. E a pergunta: por que Fernando Antonio?
Então, no meu caso, a escolha foi fruto de uma disputa. Entre pai e mãe. No meio da disputa, um recem nascido: eu. Mas, não se assuste! A disputa não foi nada séria. Não que me lembre. Afinal, era eu apenas um recém nascido de poucos dias. Assim, me contou minha mãe. Me fio na história contada por ela.
Nasci um bebê grande. Cinco quilos e meio. Quando me viam, havia os que duvidavam de ser recém nascido. Desse tamanho? Perguntavam. E duvidavam! Depois da dúvida a pergunta: como vai se chamar o menino?
A resposta, dependia de quem respondia. Para minha mãe, seria Fernando Antonio. Nome composto. Seguindo a moda da época. Para meu pai, por outro lado, seria Antonio Fernando. Também nome composto! A dispusta era entre a ariana Kilda, nascida em um 26 de março, e o virginiano, Christovam, nascido em um 30 de agosto. Seria a teimosia uma característica comum a ambos?
Confesso que até dei uma googlada nos signos para entender, tantos anos depois, se os signos de minha mãe e meu pai eram compatíveis com uma relação duradoura, amistosa ou conflituosa. Viveram um casamento de mais de 50 anos. A essa altura, a pergunta e a resposta já são irrelevantes. Ambos, já não estão entre nós.
Mas, naqueles dias da última semana de maio de 1957, lá estava eu, um geminiano nascido no dia 23, ainda sem nome definido! No meio da disputa entre a ariana e o virginiano. Como se resolveu o conflito? Você quer saber, não é? Foi minha mãe que me contou. Aliás, isso já disse no terceiro parágrafo dessa memória.
Pois então, eis que entra em casa, tia Maria, irmã de meu pai, para conhecer o novo sobrinho. Depois do susto com o tamanho da criança, a pergunta inevitável:
_ Qual vai ser o nome? Perguntou tia Maria.
_ Antonio Fernando. Respondeu meu pai.
_ Igual ao nome do prefeito? Antonio Fernandes? Retrucou minha tia.
Ao que minha mãe, com um ar de vitoriosa, disse:
_ Está vendo Christovam? Vão chamar o menino de Antonio Fernandes!
E assim, graças à minha tia, a disputa foi resolvida. Eu me tornei Fernando Antonio, nascido em Londrina, em 1957. Mesmo ano em que o prefeito Antonio Fernandes Sobrinho inaugurou a Concha Acústica de Londrina.

sábado, 5 de agosto de 2023

O amor é opaco como as janelas do banheiro. E daí?

O amor é opaco como as janelas dos banheiros. Esta foi a frase dita por uma personagem em uma série italiana que assisti em algum canal qualquer. Não me lembro qual. A fala de Vitória, esse o nome da personagem,  imediatamente me fez lembrar das janelas de vidro martelado de alguns banheiros do passado.
O que é ser opaco? Busco no dicionário uma resposta: que não reflete ou permite a passagem de luz ou claridade. Que luz ou claridade o amor não permite a passagem? O amor causa a escuridão?
O amor, porém, já abordei em outra crônica. Não desejo voltar a escrever sobre ele. Não que o amor não mereça. Apenas, já não tenho o que acrescentar ao já dito, ou melhor, já escrito.
Você, talvez, e mesmo de forma justa, me indague: por que, então, começar a crônica com uma fala da personagem sobre o amor? E mesmo, usá-la no título da crônica?
Confesso serem estas perguntas difíceis de responder. Constrangido, confesso ainda mais. Ao iniciar a crônica minha intensão era tratar, mais uma vez, do amor. E, de repente, travei! Só me vinham à mente, as ideias já apontadas na crônica mais antiga. Me repetir? Melhor não!
E agora? De que tratar nesta crônica? Falar do branco na escrita? Já devo ter tratado do tema também. Um recurso que já foi usado por muitos. Usá-lo de novo? Melhor não!
Me rendo. Já que cheguei até aqui. E você também, não é? Sobre algo preciso escrever. Vamos lá, então.
Assim como em outras vezes, uma fala ouvida em filme,  me inspirou a vontade da escrita. Pensando bem, a fala de Vitória me encantou pela beleza. Somente isso! Meu desejo, nessa crônica, acabou sendo apenas a vontade de compartilhar a beleza. Tão bela quanto a personagem que a disse no filme.
De repente, já chegando ao final da crônica, talvez, mais uma vez, você tenha outra pergunta: por que você achou esta fala bonita?
Então, para essa pergunta, tenho a resposta: eu não sei explicar a beleza, mas sei reconhecê-la quando a vejo. Mas, isto também já escrevi em outra crônica. Me repito. E paro por aqui.