segunda-feira, 22 de novembro de 2021

Crônicas na Holanda 6 - Alguém disse que seria fácil?

É não é que esta crônica veio bem mais rápida do que a anterior! A de número 5 levou dez dias para tomar a forma escrita. Esta que agora escrevo, nasce em pouco mais de 24 horas. Veja só!
Ontem contei sobre as dificuldades de documentação e de legalização da nossa situação aqui na Holanda. Para hoje, se você se lembra da crônica anterior, nossa tarefa seria obter o reconhecimento de nossos certificados de vacinação contra a Covid 19 no Brasil. Ah, você não leu a crônica anterior? Dá uma olhadinha lá (https://brevestextos.blogspot.com/2021/11/cronicas-na-holanda-5-burocracia-e.html?m=1) antes de continuar por aqui. Pode ser legal. Pelo menos para mim, blogueiro,  pois vai aumentar as estatísticas de acesso ao blog! Hoje, estou querendo fazer graça. Mas, para você também será legal a leitura. Tenho certeza!
Acordei cedo hoje e, depois do café da manhã, me pus a caminho da unidade de saúde de Utrecht onde apresentaria a documentação para ter meu "corona pass" no celular. Decidi juntar o útil ao agradável, e fui caminhando. O local fica ao lado da estação central de trem de Utrecht onde já estive algumas vezes. Uma caminhada de 45 minutos,.com uma parada rápida em uma empresa de fotocópias para imprimir alguns dos comprovantes que precisaria. Em especial, nossas carteiras de vacinação que ontem conseguimos no aplicativo do SUS brasileiro. Cheguei ao local cinco minutos adiantado. Esperei pouco para ser atendido. Logo depois de outro estrangeiro que stava à minha frente. A atendente pediu que me aproximasse e, após minha explicação da situação, ela começou a manusear a papelada. Assim que viu que nossa vacina era Astrazeneca fabricada pela FIOCRUZ, ela ficou muito constrangida e me informou que nossa vacina não era reconhecida pelo governo holandês. Você acredita? 
Eu fiquei estupefato! Tentei entender melhor a situação e, depois de algum tempo, vi que não tinha jeito. A moça acabou me sugerindo que fosse buscar orientação em outra unidade de saúde onde estao sendo feitos os testes de coronavirus e a vacinação. Foi muito cortês e até me levou próximo à janela para me mostrar como chegar ao local.
Lá fui eu para mais um pouco de caminhada por esta Utrecht que hoje estava um pouco mais fria e, ao mesmo tempo, ensolarada. Chegando ao local, contei a história à primeira atendente que me levou a outra. Contei a história de novo, a moça pediu que eu respondesse um questionário sobre coronavirus. Em seguida, me levou à proxima atendente. Repeti a história de que sou do Brasil, minha vacinação não é reconhecida pelo governo holandês. O que fazer? Esta falou para a outra que eu deveriar passar pelos médicos antes.
Me levou a um guichê com dois profissionais: uma mulher mais ou menos da minha idade e um jovem médico entre 30 e 35 anos. Ao ouvirem minha história, acharam um absurdo. Como que minhas vacinas não eram reconhecidas pelo governo holandês. Foram muito solidários comigo. Mas, o que fazer?
O jovem entrou em contato com o coordenador e, logo em seguida, também constrangido me disse que eu teria que ser vacinado novamente, caso estivesse de acordo. Duas doses da Pfizer em um intervalo de três semanas.
Pois é, como você pode ver pela fotografia desta crônica, aceitei a sugestão. No entanto, antes de me vacinar, voltei para casa, pus a companheira a par da situação e, após o almoço lá fomos nós para a vacinação holandesa. Torcendo para os efeitos colaterais não serem muito intensos. Duas semanas depois da segunda dose, teremos nossos "coronas passes".
Como esta crônica tem o mote do não fácil, tem mais uma dificuldade que enfrentamos. Dessa vez em nosso apartamento na Utrecht University. Quando pegamos as chaves, após algum tempo de descanso, resolvemos checar o inventário dos pertences e mobiliário que estão nele. O inventário me foi enviado por correio eletrônico com a instrução de informar caso algo não estivesse correto. Depois da inspeção, verificamos que um par de tesouras de cozinha não se encontravam no apartamento, apesar de listados no inventário.
Dessa forma teria que informar a administradora. Quis, porém, aproveitar a mensagem e pedir uma cópia extra da chave. Com uma segunda chave, teremos mais flexibilidade em nossas atividades que nem sempre serão a dois. Por fim, aproveitei a mensagem para perguntar qual a utilidade de um botão redondo que parecia um controle de algum equipamento elétrico, pois além de fixo à parede, ao lado da janela, estava ligado por um fio a uma tomada. São dois. Um na sala e outro no quarto.
Girei o botão para um lado. Depois para o outro. Aparentemente, nada aconteceu. Ao menos dentro do apartamento. Fiz isso na sala. Depois repeti os movimentos no quarto. Nada! Um mistério!
Tirei uma fotografia de um deles e anexei à minha mensagem peguntando para que serviam? Se era importante eu saber usá-los? Procurei até no Google. Descobri que são um tipo de controle muito comum em aparelhos elétricos que fazem um movimento giratório. Ventiladores, por exemplo. Mas, no apartamento não tem ventilador!
No dia seguinte, voltando de minha sala de trabalho, vi que as janelas dos apartamentos, inclusive o nosso, têm toldos. Alguns estavam abaixados, outros erguidos. Entrei no apartamento, fui até a janela da sala e virei o botão para um lado com uma seta apontando para baixo. Olhei para a janela. Bingo! O toldo estava abaixando. Virei para o outro lado com a seta para a cima. O toldo começou a subir. 
Logo depois mandei uma mensagem para a administradora:
_ Não se preocupe. Já sei para que serve o botão giratório (round switch).
Agora no final da tarde, ela informou que amanhã trará as tesouras. Quanto à chave, vai ver se há uma cópia extra.
Enfim, nem sempre as coisas são fáceis. Mas, com um pouco de paciência elas vão se resolvendo. Algumas de forma tranquila e outras com um pouquinho mais de dor. Mais duas injeções!

Nenhum comentário:

Postar um comentário