terça-feira, 9 de novembro de 2021

Crônicas na Holanda 4 - Espantos, encantamentos e demandas do cotidiano

Entre o espanto com o estrangeiro, o encantamento com a paisagem e as demandas da vida institucionalizada, um cotidiano aos poucos vai sendo construído. No país que nos acolherá por seis meses, se quiser precisão, leitora ou leitor, serão 183 dias e noites em terras holandesas. Entre a chegada no dezessete de outubro de dois mil e vinte e um e a partida prevista para o dezoito de abril de dois mil e  vinte e dois. Por extenso! Para enganar Cronos que faz o tempo ser tão curto face às demandas, desejos e planos que integram a vida.
Enquanto escrevo mais uma dessas crônicas na Holanda, a de número 4,  Cronos já nos consumiu 23 noites/dias. Como você pode conferir, leitora ou leitor da precisão, são 12,57% do tempo que nos cabe neste cronofúndio!
Entre ontem e hoje, vencemos duas batalhas institucionais que nos eram demandadas das autoridades holandesas. Ontem, na municipalidade, obtivemos nosso numero de registro que, entre outras coisas, garante a possibilidade de uma vida "legalizada" em Utrecht com endereço provisório fornecido pela Utrecht University. A partir do dia 18, estaremos em apartamento alugado no campus universitário. Apenas, três minutos de caminhada até minha sala de trabalho. Em que, ontem também, já trabalhei as primeiras horas em minha "desk". Ao menos, no deslocamento casa/trabalho, poderei ser mais rápido que Cronos (pura ilusão deste escriba, é claro!).
E hoje, a segunda batalha institucional vencida. Obtivemos nosso "residence permit", um cartão de identidade, fornecido pelo departamento de imigração. Será nossa identidade neste tempo que nos resta em terras holandesas. Até o dezoito de abril do próximo ano que é a data de validade registrada em ambos os cartões, de Edra e meu, nossos passaportes serão desnecessários nos Países Baixos.
Desde a chegada, vamos criando nossas rotinas. Leituras, escritas, refeições, passeios. Entre estas, vou tentando, por meio de site gratuito na internet, a aprendizagem do holandês. Não é obrigatório, já que a língua inglesa permite um diálogo com praticamente qualquer pessoa por aqui. Mas, desejo ser capaz de um mínimo de conversa em holandês. 
Entre alsjebliefts, goedemorgens e dank je wels (por favores, bons dias e obrigados), aos poucos vou construindo uma pouca competência linguística que pemite conseguir um sorriso como ocorreu ontem ao comprar um sanduíche e agradecer com "dank je wel". Além do sorriso, um estímulo com um "very good".
Ontem, enquanto conversava com dois jovens pesquisadores que dividirão a sala comigo, um deles peguntou-me se tinha planos de adotar a bicicleta como meio de transporte.
A princípio disse que não, pois estarei morando tão próximo ao prédio da Escola de Economia da Utrecht University onde realizarei o pós doutorado. No entanto confessei a ele e o outro colega o meu espanto com a velocidade em que os locais andam de bicicleta. São muto rápidos! Além do espanto, confessei meu medo também. Receio sofrer algum acidente por falta de competência no trânsito ciclístico de Utrecht.
Mas, quem sabe mais à frente, com um pouco mais de vida cotidiana em Utrecht, eu acabe criando coragem e tente essa modalidade de transporte. É um "mar" de bicicletas! 
Preciso ver se meu seguro cobre acidentes de trânsito com bicicletas. Mas, não tenha dúvidas, minha cara leitora e caro leitor: um dia vou experimentar. Depois lhes conto!

2 comentários:

  1. Prezado Professor Fernando, parece-me que sua veia de pesquisador é mais extensa que o previsível dos assuntos da administração, mas caminhas pelos ramos da sociologia e linguística rapidamente.
    Meus parabéns...
    Laodicéia Weersma (Uma Brasileira mãe de dois meninos holandeses)

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  2. Obrigado. Aprendendo sempre com a vida onde quer que eu vá. Abraço.

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