Na semana passada, depois de descobrir que as vacinas que tomamos contra a Covid 19 no Brasil não eram aceitas pelo governo holandês, começamos um novo ciclo de vacinação aqui em Utrecht. A primeira dose da Pfizer-BioNtech recebemos no dia 22 de novembro. A segunda dose será em 13 de dezembro. Isto significa que, pelo calendário holandês de vacinação, a partir do dia 27 de dezembro estaremos imunizados. Mais uma vez!
Em termos práticos, do cotidiano da vida, a partir deste dia poderemos entrar em lugares públicos fechados, usando uma máscara facial, tais como bares, restaurantes, cinemas, teatros, museus. Para fazer isso, teremos um código QR em nosso celular no aplicativo que é utilizado aqui na Holanda, o CoronaCheck. O consumo em lojas de varejo é permitido desde que usemos a máscara, sem a necessidade de apresentar o código.
Mas, até o dia 27, toda vez que quisermos fazer alguma atividade de lazer, temos que nos submeter a um teste rápido de antígeno cujo resultado é produzido em meia hora. Há todo um processo de agendamento do teste, em uma das várias unidades das empresas contratadas para fazer o serviço, que é gratuito para a população. Felizmente! O agendamento é feito pelo celular e depois de 24 horas, se quisermos sair novamente, por exemplo, ir a um bar ou restaurante, é necessário novo teste. Em meia hora recebemos o resultado que gera um código QR temporário no CoronaCheck. Há sempre a tensão da espera do resultado. Será negativo de novo? Ou, de alguma forma, nos descuidamos e estamos contaminados? Haja coração! Quando recebo o resultado negativo, brinco:
_ Oba! Temos mais 24 horas de farra pela frente! Vamos pra naiti?
Anteontem, um sábado, estávamos em nossa casa no campus da University College Utrecht quando Erik Stam me enviou uma mensagem pelo Whatsapp. Na mensagem sugeriu nos encontrarmos na manhã de domingo para um café no Wilhelmina Park. Seria uma oportunidade de ele conhecer minha esposa e de nós conhecermos sua esposa. Fizemos o teste em uma unidade muito próxima de onde estamos morando, no final da tarde, e meia hora depois com o resultado negativo, confirmamos o encontro dos casais. Erik e Mirgian foram muito simpáticos e passamos pouco mais de uma hora muito agradável. Nada falamos de trabalho, exceto ao nos despedirmos quando Erik lembrou de nosso encontro previsto para quinta-feira para discutirmos a continuidade de minha pesquisa por aqui.
Quanto ao convívio com a pandemia de Covid 19, vamos nos ajustando às demandas que surgem dessa doença que, às vezes, nos parece implacável. Houve um recrudescimento da situação da pandemia por aqui. Todo cuidado é pouco! Ontem começaram as novas restrições e recomendações do governo holandês para a população em geral. Entre elas, se puder trabalhe de casa, todas as lojas e serviços não essenciais devem encerrar as atividades às 17 horas e reabrir, somente, após às cinco horas da manhã do dia seguinte. Supermercados, farmácias e outros tipos de negócios ditos essenciais podem ficar abertos até as 20 horas. O uso do aplicativo continua obrigatório, bem como os testes rápidos enquanto não se obtém a comprovação de imunização. Escolas e universidade continuam abertas e recebendo os alunos e alunas, mas com muitas recomendações. E por aí vai!
Mas, a essa altura você deve estar se perguntando sobre o porquê do título dessa crônica, não é? Pois então, depois da primeira dose da Pfizer-BioNtech, minha terceira dose de vacina contra a Covid 19, eu senti alguns sintomas colaterais leves. Fiquei um pouco febril, nada demasiado, e com algumas dores pelo corpo. Os famosos sintomas de uma gripe! Fiquei tranquilo, é claro! Contanto, como sempre, vou narrando os acontecimentos da vida em Utrecht para Paloma e Fernanda. Disse a elas sobre os efeitos colaterais da terceira dose. Nos comunicamos, principalmente, pelo Whatsapp. Fernanda está em Curitiba e Paloma em Austin, Texas. Nos últimos 14 dias, Paloma estava no Brasil passando férias com a irmã e Telma. Assim, aproveitamos e fizemos uma "live" entre pai e filhas para matar as saudades. No dia seguinte à vacinação, recebi de Fernanda uma mensagem que, após saber de meus sintomas, escreveu no Whatsapp:
_ Você não vai à universidade hoje, né?
Minha primeira resposta foi:
_ Não. Vou ficar em casa.
Mas, em seguida, completei:
_ Eu moro na universidade! Kkkkkkkkkkk.
Estou a três minutos de caminhada de minha sala. No entanto, nos dois primeiros dias após a vacina fiquei trabalhando em casa. Na quinta-feira, fui trabalhar na escrivaninha que estou ocupando na sala 2.06 do Adam Smith Hall. Na sexta-feira, trabalhei em casa. Assim, vou tocando a vida por aqui. Às vezes, trabalhando em casa, às vezes em minha sala, que por enquanto divido com dois jovens pesquisadores: Jacob que é holandês; e David, da África do Sul. É bom encontrar pessoas diferentes de vez em quando, não? Na próxima quinta-feira, por exemplo, conversarei com Erik em sua sala, também no Adam Smith Hall. Outro dia, um professor me viu no corredor e se apresentou, ao mesmo tempo em que indagava quem eu era. Professor de econometria, cujo nome me foge agora, muito simpático também, me deu boas vindas, disse que tem um orientando brasileiro e que, qualquer dia me apresentará a ele. Os acasos da vida nos aproximando de outros seres humanos. Isso é bom!
Porém, nesses encontros, observo as recomendações do governo e das autoridades universitárias. Andando pelo prédio devidamente mascarado e, quando em minha estação de trabalho, sem máscara, a uma distância de pelos menos um metro e meio daqueles que estão no mesmo espaço. Higienização das mãos frequentemente também é recomendado. No site da universidade há, inclusive, um fluxo de perguntas cujas respostas são "sim" ou "não" e, a partir delas, você é orientado a ficar em casa, procurar ajuda médica, ou ir para seu ambiente de trabalho. É o Corona check em formato de uma lista de perguntas. Quando de nossa chegada a Utrecht, além das boas-vindas que recebi por correio eletrônico do Diretor Administrativo da Utrecht University School of Economics ele recomendou:
_ Faça o corona check neste link (https://www.uu.nl/sites/default/files/2021%20-%20Corona%20Checkkaart_EN_V6.pdf).
Eu obedeci é claro! E, ao final, fui pela primeira vez à minha sala de trabalho como mostrei na fotografia que ilustra a crônica de número 4 desta série (https://www.blogger.com/blog/post/edit/3364913166267191934/752385384126965484)A vida segue. Com uma esperança: que a situação não fuja de controle e que não tenhamos que ficar confinados em casa durante muito tempo. Por mais que a vista da janela seja bonita! Mesmo em um dia nublado.