domingo, 26 de junho de 2022

Diálogo refletido

De onde vem você?
Estranhei a pergunta. Como assim? Você sabe de onde venho. Sempre soube, nao?
Calma! Fique tranquilo. Me respondeu. Claro que, de alguma forma, minha pergunta parece não razoável. Afinal, sempre soube dos seus caminhos.
Pois é. Continuei o diálogo. Pergunta estranha a sua. Afinal, a resposta você sabe. Ou esqueceu?
Então, eu sei que a resposta é por mim sabida. Até eu estranhei a pergunta. Porém, ela saiu de mim como se eu não a soubesse. E busco aqui nas minhas memórias a resposta. Você não vai acreditar. Tenho até vergonha de expressar. Parece que a memória se esvaiu. Poderia dizer que me deu um branco. Mas, o pior é que não é branco que me deu. Acho que quem criou esta expressão nunca perdeu a memória. Não é branco. É cinza! Minhas memórias se transformaram em cinzas. Sobras de uma fogueira. Como aquelas que pulávamos nas festas juninas. Lembra?
Deixa de gozação comigo! Explodi. Nem branco, nem cinza! Você sabe de onde eu vim. Sempre soube. Mas, que história é essa? Pular fogueiras? Festas juninas? De onde eu vim nunca teve festa junina. Ou teve? De onde vim? Me deu um cinza? Quem é você?
Eu? Não sei! Esperava descobrir quando você me contasse de onde vem. Afinal, você está do outro lado do espelho. Quem é você?
Eu?