quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Crônicas na Holanda 2 - Caminhadas e oliebollen: calorias em balanço?

Perto de onde estamos morando em Amsterdam, encontrei o Oosterpark. Seu canto mais próximo fica a 350 metros, bem em frente ao Bar Bukowski. Além da beleza, a proximidade do parque permite que eu mantenha o saudável hábito das caminhadas.
Quase que diariamente, as fazia em Curitiba. Ao redor do Passeio Público, às segundas quando fechado, ou dentro nos outros dias. Aos sábados, a caminhada era substituída pelas compras na feira de orgânicos que lá acontece pela manhã. Somente aos sábados. Aos domingos, o descanso e ócio merecidos. Afinal, é o sétimo dia!
O Oosterpark é maior que o Passeio Público. Mas, não muito. Já fiz caminhadas nele pela manhã, no meio da tarde e ao final do dia. Em média, duas voltas por seu perímetro interno a cada visita. Em ritmo um pouco acelerado. Afinal não é passeio, mas sim caminhadas.Não chego a suar, mas o corpo se aquece neste dias frios de outono em Amsterdam. Calorias são gastas. Sem dúvida!
Em direção oposta ao Oosterpark, também cerca de 300 metros de distância do apartamento, há um quiosque que vende algo típico da Holanda, os oliebollen. Da primeira vez que experimentei, ao perguntar à mulher que me atendia o que era, ela os descreveu como os donuts holandeses.
Me lembrou muito a massa dos sonhos, que desde minha infância, marcaram minhas idas a Curitiba com minha mãe, quando visitávamos tia Edy, tio Carlos e as primas Carmen e Maysa. São fritos e podem, na hora da compra, serem passados em um açúcar muito fino. Há os naturais e os com frutas (maçã, uva passa, banana). Há inclusive os com recheio de creme de baunilha que são idênticos aos sonhos. Mas, há uma diferença na consistência da massa e sua cor interna. É mais escura e menos dura, parece até um pouco crua. Porém, para mim, são deliciosos os olenbollen!
Então, após as caminhadas, um novo hábito vou adquirindo. Ao invés de voltar diteto do Oosterpark para casa, estico a caminhada até a Oliebollenkraam.  Já estou até arriscando um bom dia ou boa tarde em holandês e, é claro, também um muito obrigado nesta língua que estou aprendendo um pouco a cada dia.
Me parece um pequeno negócio familiar, pois muitas vezes vi um casal dividindo o atendimento aos clientes. Qualquer dia perguntarei sobre eles e o negócio. Mas, terá que ser em inglês! Quem me conhece, sabe que adoro conversar sobre pequenas empresas com seus criadores.
Voltando às caminhadas, minha esperança é que as calorias nelas gastas sejam, ao menos, na mesma quantidade das que recupero com cada oliebol.
Porém, ainda desejo diversificar o que consumo após as caminhadas. Qualquer dia, ao invés do oliebol, vou tomar uma ceveja ou uma taça de vinho no Bar Bukowsvi. Afinal, nem só com açúcar se recuperam calorias! Ou, nem só de açúcar vive um homem!

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Crônicas na Holanda 1 - Um flamingo no jardim

Nossa chegada em Amsterdam foi antecipada. Ao fazer o check-in online, ainda no hotel em São Paulo, me assustei. Eram quase meio-dia do sábado, com vôo previsto para as 19:45 do mesmo dia. No entanto, ao ler o cartão de embarque, a notícia: embarque previsto para dali a uma hora e vôo em duas horas!
Com o coração quase saindo pela boca, falei: Temos que ir para o aeroporto rápido! Anteciparam o vôo. Fechamos as malas, descemos, check-out do hotel já feito, corremos para a porta e embarcamos no primeiro táxi estacionado no hotel.
A caminho do aeroporto, duas constatações. A primeira é que o vôo havia sido atrasado. Não antecipado. Saíria as duas horas da madrugada do domingo. Alívio! Logo seguido por outro apuro. Olhei na mochila e não encontrei os testes negativos de Covid necessários para embarcar e entrar na Holanda. Paramos o táxi para checar se não estariam nas outras bagagens de mão que havíamos terminado de fechar no hotel. Nada! Voltamos ao hotel. Por sorte, estavam ainda dentro da sacola da farmácia, em que fizemos o teste, no chão do apartamento ainda não limpo após nossa saída.
Aliviados, voltamos ao táxi e, ao chegarmos no aeroporto, fomos imediatamente ao check-in. A atendente nos informou que poderia nos embarcar em um vôo com escala em Paris. Não precisaríamos esperar até a madrugada. Resultado? Chegamos uma hora mais cedo do que o previsto. Pouco mais de uma hora depois, apertei a campainha do apartamento que será nossa morada em Amsterdam até a mudança para Utrecht. João, que nos esperava para entregar as chaves, atendeu ao interfone e acionou a liberação da porta do prédio.
Para nossa surpresa, ao abrí-la, nos deparamos com uma escada estreita e íngreme. Nosso apartamento distante 48 degraus! Cada degrau da largura, no máximo, da metade de meus pés!
Subimos com cuidado e lentamente. Ofegantes, carregando as cinco peças de bagagem, ajudados por João, chegamos à porta do apartamento. Depois de um copo d'água, fomos apresentados às nossas acomodações. Muito boas! Aos fundos, à direita da cozinha, há uma sacada. Do alto do terceiro andar, olho para baixo. No jardim, aos fundos do prédio, em meio à vegetação ainda verde, se destacou um flamingo. Além do flamingo, que não é natural, apenas uma escultura de jardim, muitas folhas já amareladas pelo outono. Duas magpies, aves que nunca soube o nome em português e que hoje, na Wikipédia, descobri ser pega-rabuda, sobrevoaram o jardim e soaram o seu canto característico, exibindo seus corpos esguios em branco e preto. Como se nos dessem as boas-vindas. Ao mesmo tempo, mais distante, ouço o ruído da passagem de um trem. 
A cena me sossegou o coração. Feliz, voltei para dentro do apartamento. Na esperança de que a estada na Holanda tenha a diversidade das cores e sons deste primeiro momento. E que meus estudos por aqui sejam desafiadores, mas não tão difíceis quanto a escada de 48 degraus!