domingo, 27 de agosto de 2017

Chegando ou voltando?

Mais uma viagem. No hotel as perguntas de sempre na ficha da recepção. Turismo ou trabalho? Nenhuma das opções. Me lembro do filme "viajo porque preciso, volto porque te amo". Deveriam por estas  opções na ficha: precisão ou amor.
Me lembrei do verso do poeta: navegar é preciso, viver não é preciso. Será uma precisão no sentido de exatidão? Ou de premência, urgência? Tenho amigas que pensam que o poeta disse que é exato. Navegar é exato,viver não é exato. Seria tão chato se fosse verdade! Exato demais!
Prefiro a minha precisão. Nada exata. Só me leva. Faz tanto sentido.
Navegar é preciso. Viver é dor no siso.
Navegar é desejo. Viver é bocejo.
Navegar é ardência. Viver é só permanência.
Navegar é anseio. Viver é cheio de freio.
Navegar é tentação. Viver é negação.
Navegar é fruição. Viver é decepção.
Navegar é voar com eros. Viver é cair no colo de tanatos.
Chegando ou voltando? Sabe que nem eu sei! Nesta altura da vida acho que não há lugar onde não tenha estado. Mesmo que imaginado.  Assim, é sempre uma espécie de volta. Em cada lugar um "volto porque te amo". Mesmo que não saiba quem. Em cada destino um "viajo porque preciso". Mesmo que não saiba por quê. Afinal, navegar é preciso.