segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

No avião: Breve texto sobre o efêmero

Uma coisa estranha. Sentir vontade de escrever durante um vôo entre Maringá e Curitiba. Espremido entre Sara e uma adolescente gaúcha que faz um trabalho de história em seu tablet.
Como sei que é gaúcha?
Antes de decolarmos, ela se dirigiu a alguém na poltrona de trás. Usou tu. Vôo tem como destino final Porto Alegre. Não é preciso ser nenhum Sherlock para deduzir sobre a gauchice da guria. Elementar, meu caro Watson!
Mas, por que escrever? Ou para que?
A escrita é um exercício diário. Palavras se formam na tela do celular. Quero escrever sobre a vida que é efêmera. Mas, a bateria do celular é mais ainda. Um alerta surgiu na tela: bateria muito fraca!
Meu discurso tem que ser rápido. Aos cinqüenta e oito percebo que minhas poesias tratam de quem sou. Minha identidade se esgueira nas linhas e entrelinhas.
A bateria é efêmera, mas mais longa que o vôo. Sou interrompido pela comissária de bordo:
_ Dentro de instantes aterrisaremos no aeroporto internacional Afonso Pena em Curitiba (que é em São José dos Pinhais), todos os aparelhos eletrônicos devem ser desligados.
Retomo o texto depois do pouso. Descubro algo mais efêmero que o vôo: minha memória!
Esqueci porque comecei a escrever este texto. Me perdoe!

Nenhum comentário:

Postar um comentário