segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Ponto de vista e amor: eu os possuo?

Assistindo Samba na Gamboa com Diogo Nogueira e um grupo tocando Dorival Caymi. De repente começam a cantar Ponto de Vista:
"Do ponto de vista da Terra quem gira é o Sol..."
Pego o tema para a escrevinhação de hoje. É muito provável que este tenha sido objeto de reflexão de outros. Mas, como é ponto de vista, por que não falar do meu? Assim como os de outros, é único. Está entre as poucas coisas que são só minhas. Meu ponto de vista é meu. Ninguém tasca! Eu vi primeiro.
Epa! Taí um olhar interessante. Do meu ponto de vista, o que é meu mesmo? Além dele mesmo, acredito que poucas coisas sejam só minhas. Aqui, espero que você já tenha suspeitado, não me interessa falar das coisas materiais que, usualmente, digo que possuo. Livros, o celular no qual escrevo, minhas roupas. Estas são transitoriamente minhas. A qualquer momento podem deixar de ser. Seja por minha vontade, de meus credores, ou por razões que não controlo, como os amigos do alheio ou a morte. Sem querer parecer trágico, quando morremos as propriedades cessam de existir. Ter essa consciência ajuda na hora de se desfazer de coisas que gostamos tanto. Como, por exemplo, aquela blusa de que gostava e Paloma um dia me disse:
_ Pai, a partir de hoje é minha.
Será que posso juntar o amor ao ponto de vista no conjunto de coisas só minhas.
Ora, o amor! Esta coisa indefinível que dizemos sentir. O amor que sinto não é meu. Ele só faz sentido quando o dou a outros. Então, não é meu!
Mas, e o amor que outros me dão. Não seria meu? Também não. Ele só existe em fluxo. Eu preciso devolvê-lo para que ele não pereça. Não é de ninguém e é de todos.
Então, no meu ponto de vista, o amor não está no conjunto de minhas propriedades. Assim, é diferente do (meu) ponto de vista.
Se refletir bastante, conseguirei encontrar outras coisas não tangíveis que posso dizer minhas. Mas, vou parar por aqui. Comecei esta escrevinhação com essa intenção. Dizer das coisas que são minhas a partir da lógica ou da razão. Mas, o amor se intrometeu no assunto, e acabei trilhando os caminhos da emoção.
Assim como o amor, outra coisa que não é minha propriedade é o teor de meus textos quando domina a emoção. Penso uma coisa e escrevo outra. É impressionante!

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