segunda-feira, 2 de maio de 2016

Você não gosta de doce, não é?

A cada duas semanas, com minhas vindas para Londrina, percebo a memória de Dona Kilda se esvaindo. Esta pergunta ela me fez hoje logo após o almoço. Depois emendou:
_ Mas, se quiser, tem goiabada e queijo na geladeira.
Será que tem mesmo? Não fui ver. Fiquei pensando:
_ Qual o lado positivo da perda de memória?
Lembrei-me de um indiano, proprietário de uma pequena empresa em Manchester, que entrevistei quando fazia a pesquisa de minha tese de doutoramento. Segundo ele, cujo nome não me lembro, tudo na vida tem dois lados: positivo e negativo. Foi ele, também, que me ensinou:
_ A qualidade vem da quantidade. Quanto mais você faz de algo, melhor fica.
Na velhice, qual o lado bom da perda de memória?
Alguém já falou que passado e futuro não existem. Nós estamos fadados a viver no presente. Tão efêmero, mas inesgotável! Só acaba quando a vida se encerra.
Antes disso, na velhice, chegará o momento em que as tristezas e alegrias serão esquecidas. Aí está, a sabedoria daquele proprietário de pequena empresa indiano. Ao mesmo tempo que esquecemos as tristezas acumuladas ao longo dos anos, coisa tão boa, as alegrias também se dissipam, o que é ruim.
Espero um dia poder chegar ao tempo de viver apenas o momento. Sem passado nem futuro.
Se você estiver comigo, não deixe de me dar um doce. Qualquer um. Adoro doce!

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