Saí de casa decidido a ser parte da plateia de mais um filme brasileiro. Em plena quarta-feira, sozinho em casa. Melhor dizendo, na companhia de Kennedy, que já foi Lorde Kennedy. Na ficção. Mas esta é outra história!
Por volta das 16:20, já tinha participado de duas reuniões à distância. Já era hora de desligar o computador. Consulto a programação do Cine Passeio. Às 17:30, uma sessão de um filme brasileiro que quero ver.
Por que não? Pensei comigo mesmo. Mas tive que ser rápido.
Desci com Kennedy para o giro vespertino em atenção às necessidades fisiológicas dele. Em 15 minutos, várias mijadas e duas defecadas. Melhor prevenir, que remediar. Seria chato chegar em casa, e encontrar a sala suja. Velhinho, Kennedy já não se segura mais como antigamente. Adestrado, não se aliviava dentro do apartamento. Porém, nos últimos meses, já não se segura mais. Depois de atendido o chamado da natureza, voltamos ao apartamento.
Às 16:45, desço sozinho. Entre um uber e o ônibus, opto pelo segundo. Caminho até o tubo. 45 minutos antes do início da sessão. Dei sorte! Assim, que entro na estação se aproxima um ônibus. Em sete minutos, desço quatro tubos à frente. Caminho em direção à Rua Riachuelo, onde fica o Cine Passeio. Cerca de um quilômetro e meio.
Em frente ao quiosque para comprar o ingresso, vejo que são 17:15. E, sem quê nem porquê, escolho outro filme: A contadora de filmes. A sessão começaria em cinco minutos.
Atraído pelo título, e lembrando de um livro que ganhei anos atrás - The film explainer -, decidi deixar o filme brasileiro para outro dia. Quem sabe amanhã? Não me arrependi da escolha. Entrei na sala pensando se o livro é o filme teriam algo em comum. Não têm.
O filme é multifacetado. É, antes de tudo, uma declaração de amor ao cinema. Um drama também! Um grito de esperança? Talvez. Se passa no Chile, no deserto do Atacama, entre os anos 60 e 70. Até o golpe que tirou Allende da presidência.
A personagem central é a caçula de um casal que teve três filhos antes dela. O pai, a mãe, os irmãos e ela iam ao cinema aos domingos. Devido a um acidente, este costume familiar não pode mais ocorrer. A razão? Não vou estragar a surpresa de quem estiver lendo essa crônica. Veja o filme. É maravilhoso. Mas, eles se arranjam. Se fossem brasileiros, diríamos que deram um jeitinho.
Há, porém, uma cena inesquecível. A certa altura do filme, ouvindo a filha, o pai diz que quer lhe contar uma cena. De uma bailarina no deserto. Sózinha. Ao terminar sua dança faz uma reverência. A uma plateia invisível! Ela não se sabia observada. Por apenas um homem, que o acaso o levara a trilhar aquele caminho nunca antes trilhado. Coisa mais linda! Impossível esquecer. Mesmo porque uma lágrima escorreu por minha face neste momento.
Além da marca da cena, da marca da lágrima, carrego comigo a expressão: plateia invisível. Nessa vida, nós que escrevemos, estamos em busca dessa plateia invisível. Você está me lendo. Em algum lugar desse planeta. Talvez me conheça. Talvez não. Como aquela bailarina que o pai contou para a filha, lhe faço aqui minha reverência. Em um bar, cheio de gente. Que vê um homem de cabelos e barbas brancas escrevendo no celular. Apesar de próximos, não são a plateia. Visíveis, mas não plateia. Você sim, faz parte da plateia invisível.
Às 16:45, desço sozinho. Entre um uber e o ônibus, opto pelo segundo. Caminho até o tubo. 45 minutos antes do início da sessão. Dei sorte! Assim, que entro na estação se aproxima um ônibus. Em sete minutos, desço quatro tubos à frente. Caminho em direção à Rua Riachuelo, onde fica o Cine Passeio. Cerca de um quilômetro e meio.
Em frente ao quiosque para comprar o ingresso, vejo que são 17:15. E, sem quê nem porquê, escolho outro filme: A contadora de filmes. A sessão começaria em cinco minutos.
Atraído pelo título, e lembrando de um livro que ganhei anos atrás - The film explainer -, decidi deixar o filme brasileiro para outro dia. Quem sabe amanhã? Não me arrependi da escolha. Entrei na sala pensando se o livro é o filme teriam algo em comum. Não têm.
O filme é multifacetado. É, antes de tudo, uma declaração de amor ao cinema. Um drama também! Um grito de esperança? Talvez. Se passa no Chile, no deserto do Atacama, entre os anos 60 e 70. Até o golpe que tirou Allende da presidência.
A personagem central é a caçula de um casal que teve três filhos antes dela. O pai, a mãe, os irmãos e ela iam ao cinema aos domingos. Devido a um acidente, este costume familiar não pode mais ocorrer. A razão? Não vou estragar a surpresa de quem estiver lendo essa crônica. Veja o filme. É maravilhoso. Mas, eles se arranjam. Se fossem brasileiros, diríamos que deram um jeitinho.
Há, porém, uma cena inesquecível. A certa altura do filme, ouvindo a filha, o pai diz que quer lhe contar uma cena. De uma bailarina no deserto. Sózinha. Ao terminar sua dança faz uma reverência. A uma plateia invisível! Ela não se sabia observada. Por apenas um homem, que o acaso o levara a trilhar aquele caminho nunca antes trilhado. Coisa mais linda! Impossível esquecer. Mesmo porque uma lágrima escorreu por minha face neste momento.
Além da marca da cena, da marca da lágrima, carrego comigo a expressão: plateia invisível. Nessa vida, nós que escrevemos, estamos em busca dessa plateia invisível. Você está me lendo. Em algum lugar desse planeta. Talvez me conheça. Talvez não. Como aquela bailarina que o pai contou para a filha, lhe faço aqui minha reverência. Em um bar, cheio de gente. Que vê um homem de cabelos e barbas brancas escrevendo no celular. Apesar de próximos, não são a plateia. Visíveis, mas não plateia. Você sim, faz parte da plateia invisível.
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