segunda-feira, 4 de junho de 2018

ELES PARECIAM FELIZES

Eles pareciam felizes. Foi o que ela disse. Ao passarem por mim, não pude deixar de ouvi-la. Ao seu lado um rapaz. De mãos dadas.
Sobre quem era o comentário? Esta pergunta me veio à mente. Não tive como saber! Como não conhecia nenhum dos dois, não pude perguntar. Segui no meu trajeto. Em direção oposta ao do casal.
Mais à frente, não mais que trinta metros, um cartazete grudado a um poste chama minha atenção. Minha imaginação dispara. O comentário dela tinha que ver com esse cartaz. Estavam muito próximos. Tinham recém passado por ali. Ela devia estar falando de algum casal que fora ou poderia ser ajudado. Veja o cartaz:

Você sabe como sou curioso. Tive que ser rápido. Fiz a fotografia do cartaz. Me pus a caminhar rapidamente atrás do casal. Nossa distância era em torno de 60 metros. Passeavam. Sem pressa.    Quando cheguei perto, ouvi o que ele disse:
_ Estavam juntos a tanto tempo, né?
_ Quarenta ou quarenta cinco anos. Não tenho certeza. Ela respondeu.
Fiquei feliz. Ainda falavam do casal. Devia ser o mesmo do primeiro comentário. Você não acha? Impossível que já estivessem falando de outro.
Diminuí o passo. Ela continou:
_ Uma hora tinha que acontecer.
_ Quase uma vida juntos. Tempo pra caralho!
_ Não gosto quando você fala palavrão.
_ Desculpa.
Foi a resposta dele. Ela continuou:
_ Foi um final bonito. Os dois foram encontrados abraçados e mortos. Depois de uma noite de amor. Estavam pelados.
_ Puta que pariu! Exclamei em voz alta. Os dois viraram pra trás. Eu me desculpei.
Veja você, que azar! Não tinha nada a ver com o cartazete. Curitiba é inundada por esse tipo de anúncio. Já falei disso antes. Eu curioso pra saber se funciona. Porra! Ainda bem que você não se incomoda com palavrão.
Tem uns até que dizem que o pagamento só é feito após o resultado. Se o amor não voltar, não paga. Me pergunto se tem alguma garantia. Vai que volta e depois vai embora de novo. Sei lá! Um dia posso precisar. Nunca se sabe!
Felizmente, estávamos em uma esquina. Eles seguiram em frente. Virei à esquerda. Estava perto do Passeio Público. Era feriado. Fui dar uma volta. Lá sempre vejo ou ouço alguma coisa que pode dar uma boa estória. Qualquer dia publico um livro. Já tenho até o título: Crônicas Curitibanas.

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