segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Praia


Pac, pac, pac, pac, pac. O barulho tira minha atenção do livro que leio na Prainha em São Francisco do Sul. Um casal jogando frescobol. À distância, no mar, um barco de pescadores é seguido por um bando de gaivotas. Ao mesmo tempo, outro tanto de gaivotas sobrevoa a beira da praia. Céu nublado. O mar, sempre em movimento, ecoa o título da auto biografia de Oliver Wolf Sacks - Sempre em Movimento - minha leitura momentaneamente abandonada. Trocada pela vontade de escrever que me seduz. Escrevo, então.
Razão ou emoção? Qual delas será minha guia hoje? Impossível saber antes que o texto se conclua. Meus textos têm vontade própria. Não sou eu que coloco o ponto final. Este surge de repente. Eu, apenas obedeço a sua vontade.
Às vezes, quero ir além. Esforço inútil. Talvez, em minha escrita, eu prenuncie que também na vida, o ponto final não será uma escolha própria. Minha escrita se assemelha á vida de mais uma forma. A vida também não fui capaz de abreviá-la.
Alguns anos atrás, doente, pensei que daria a ela um ponto final. Não queria ir além. Achava que já tinha tido o suficiente. Mas, na hora agá, pedi socorro. Primeiro a Sara, depois a Paloma e Fernanda, as filhas, depois Kilda, minha irmã. Não era a hora do ponto final. Era a hora das reticências...
Muita coisa ainda por vir. Pac, pac, pac... Em um ritmo mais acelerado, junta-se o som do vendedor de algodão doce ao frescobol...
A vida ainda tem muito a me fazer ver e ouvir...

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