sexta-feira, 2 de junho de 2017

Galeria de Horrores

A reunião começara há dez minutos. De repente, ele se deu conta da fileira oposta. Bem à sua frente. Pareciam um bando de aves de rapina. Narizes aduncos. O inverno, no seus primeiros dias, já exigia capotes e blusas mais pesadas. Eram como plumagens. Cores variadas. Uma galeria de horrores.
Lembou-se do último domingo. Uma tarde no Passeio Público. Fora sozinho.  Gostava de observar o espaço maior. Uma enorme gaiola. Dedicada às grandes aves. As grades tinham quinze ou vinte metros de altura. Sem cobertura.
Sempre se indagara por que as aves ficavam naquele espaço. Devia ser por causa da comida fácil. No espaço urbano é difícil para aves de rapina encontrarem o que comer. Ali, todo dia, os tratadores não falhavam.  Distribuição farta. De vez em quando, até pequenos roedores vivos eram soltos. Uma agitação entre as aves. As mais ágeis faziam a festa.
Ao contrário das aves de rapina na reunião, eram até bonitas. Mais que isso. Tinham uma elegância que faltava às outras.
De repente uma ideia. Precisava alimentar as aves da galeria de horrores. Elas já estavam agitadas. Falou sobre maior liberdade para aprender. Foi um alvoroço. Todas voaram para cima da presa. Ficou destroçada.
Mas, manteve um sorriso estranho na face. Lembrou da elegância das aves do Passeio Público. Voltaria lá no próximo domingo.

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