segunda-feira, 21 de maio de 2018

Memory Lane

Ontem, em São Paulo, resolvi passear um pouco pelo bairro da Liberdade. Aos 16 anos, poucos meses antes de chegar aos 17, fui estudar em São Paulo. Na transição da adolescência para a juventude, anos de formação para a vida adulta, viver sozinho em São Paulo foi parte fundamental de minha história. É claro que fui bancado por meus pais nesse período que, felizmente, tiveram condições de pagar por meus estudos e moradia.
Fui para concluir o segundo grau e, ao mesmo tempo, fazer cursinho para me preparar para o vestibular de engenharia. Morava na pensão da Dona Genoveva e seu Orlando na rua Tamandaré, muito próximo do curso Anglo onde estudava. Fui até lá ontem, mas a pensão não mais existe.
Nesse retorno ao passado, down the memory lane, como dizem os ingleses, fui de metrô até a estação Liberdade e desci pela rua Galvão Bueno até a rua Tamandaré.
No caminho, passei por um bar/restaurante japonês que, provavelmente, é o mesmo em que tomei saquê quente pela primeira vez. Se não me engano, na companhia de Edson Romero Ugolini, Sergio Bordin e, talvez Eduardo Franzon. Londrinenses que também moravam na pensão. Franzon dividiu quarto comigo, mas não ficou muito tempo por lá.
Quase na esquina da Galvão Bueno e Tamandaré, encontrei a velha banca de revista na qual comprei muitos gibis e livros. Foi nela que comprei um livro de João Cabral de Melo Neto, cujas poesias me emocionaram ainda jovem. Naquele ano, eu guardava uma nota de 1 cruzeiro por dia, e quando tinha juntado um pouco comprava um gibi ou livro nessa banquinha. Foi o único período da vida em que consegui guardar algum dinheiro, mesmo que por períodos curtos.
Enfim, fiz o mesmo caminho de volta. Como fazia aos domingos quando ia, ou em direção aos cinemas do centro, ou em direção à Avenida Paulista e rua da Consolação para chegar ao cine Belas Artes. De vez em quando ia a um cinema que ficava ao lado da Praça da Liberdade, que exibia filmes japoneses. Mas, era nesse esquina que eu, jovem andarilho dominical, escolhia o caminho a ser trilhado.

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