sábado, 21 de abril de 2018

A Reconstrução

Reconstruir depende do que sobrou. Depende também do que queremos resgatar do que já foi. Pode parecer uma reforma. Mas, ao contrária desta, a reconstrução é, inicialmente, não voluntária. Se impõe. A reforma não se impõe. É escolha.
Depois de iniciada, contudo, se abre para nossas escolhas. Fica com um certo ar de voluntária. Mas, na raiz, na origem, sabemos que não é.
A reconstrução menos difícil é a da terra arrasada. Quando não sobra nada, não há o que preservar. Tudo pode ser reimaginado. Tudo pode ser diferente do que já foi. Não há compromissos com o que já foi.
O foda mesmo é quando a destruição é parcial. Nos escombros vemos reflexos do que foi. A tentação de recriar o que já foi é enorme. Quase irresístivel! Das ruínas, imaginamos o ressurgimento das mesmas paredes, das mesmas cores e, até, das mesmas dores.
Mas, e se o que já foi teima em não se moldar à reconstrução? Nessas horas, por mais que doa, o melhor é eliminar os escombros. Destruir o que sobrou. E criar o novo. De novo.

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