terça-feira, 15 de novembro de 2016

Pressupostos

No restaurante, um casal é servido de suas bebidas. A garçonete coloca o suco de laranja à frente da mulher. Em seguida, traz o vinho verde e serve uma taça para o homem. Assim que ela se vira, as bebidas são trocadas pelo casal.
A garçonete, ao invés de perguntar, supôs que o vinho teria sido a escolha do homem. Um pressuposto guiado pelas práticas sociais usuais. Mas, nem sempre acertamos em nossos pressupostos.
Ao servir os pratos, a garçonete foi mais cautelosa. As escolhas tinham sido: picanha e olho de bife. Ao trazer a picanha, ela perguntou para quem era. Da mulher. O homem escolhera o olho de bife.
Estou em Portugal, no aeroporto de Lisboa. A essa altura você deve estar imaginando que o homem dessa história sou eu. E, com certeza, se perguntando quem seria a mulher. Minha esposa deve ser a resposta que surge em sua mente.
Mais uma vez, se você imaginou assim, se enganou. Mais um pressuposto deve ter lhe encaminhado a uma conclusão errada. Com tantos detalhes, só quem viveu a história poderia narrá-la. É como você poderia justificar sua imaginação.
Eu comi lombo de bacalhau e tomei cerveja. Sozinho. Enquanto espero minha conexão, tenho tempo de sobra para observar o movimento ao meu redor.
Como em um filme, vejo o que se enquadra em meu campo de visão. O que está fora do campo, não posso enxergar, mas posso imaginar. O piscar de olhos de um e o sorriso da outra são o que vejo. Ela muito jovem. Ele perto dos cinquenta. O que imagino não vale a pena revelar. Provavelmente, meus pressupostos me enganarão!

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