quinta-feira, 16 de abril de 2020

Enxurradas em Londrina

Hoje me veio à lembrança as enxurradas da infância. Morávamos na esquina da Goiás com a Paranaguá. Na época da Casa Gimenez. A mercearia. Antes de se tornar supermercado. Era em Londrina.
Nossa casa era grudada à mercearia. Havia uma porta que ligava a mercearia à sala da casa. Não tenho certeza. A porta existia. A que espaço da casa dava acesso é que ficou incerto na lembrança.
Lembro, ainda, do jardim da casa. Saía para a rua Goiás. Uma escada de três ou quatro degraus. A porta da rua ficava no topo da escada. Tinha portão. Um jardim com flores e uma parte de calçada. 
Não era um jardim grande. Mas, tinha muito tatuzinho. Aqueles bichinhos que viravam bolinhas quando se bolia com eles.
Da janela da sala, se via o jardim. A calçada vermelha do jardim. Os degraus também. De vermelhão. Tingia minha calça quando sentava no chão. Era tempo que muleque usava calças curtas. Vermelhas, as rosas também. Lembrança ou imaginação?
A Goiás já tinha a descida uma quadra acima. Na esquina com a Santos. Quando chovia forte vinha a enxurrada. Lá de cima. Descia a Goiás a partir da Santos. Barrenta. A rua já era asfaltada. Mas, a enxurrada era barrenta. Estranha memória. Parece mentira. Mas, era assim.
Faz tanto tempo que não vejo uma enxurrada! Será que só dá enxurrada na infância?
Gostava de ver folhas e galhos descendo rápido. Iam se juntar lá no final da Goiás. Pra baixo da Antonina. Rua Antonina que virou JK. Da janela da sala eu via a enxurrada. Vezenquando, sentava no meio fio e esticava as pernas. A enxurrada subia. Espumava nas pernas. Até arrastava. Uma vez perdi um sapato. Lembrança ou imaginação?
Bem que podia passar uma enxurrada hoje. Tanta coisa pra ser arrastada. Podia até ser um sapato. Mas, já não sou criança. As enxurradas estão só na lembrança. Que pena!

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