segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Passeio ao Forte

Desde que Bóris se juntou à gangue, a vida continuou sossegada para todos. Alemão ficou preocupado quando o grupo chegou na casa de Lola no começo da noite e lhe contaram que havia um sexto elemento no grupo. Pensou consigo mesmo: Qual vai ser a reação do Nego quando notar mais um cachorro nos fundos do seu bar? Mas, preferiu não dizer nada naquele momento.
Bóris era um buldogue com 32 quilos e jeitão tranquilo. Nego foi com a cara dele. Na verdade, se lembrou dos tempos em que Bóris fazia parte do esquadrão de salva-vidas. Sempre via o velho buldogue com o capitão Netuno, que chefiava a turma de salva-vidas. Fez um pouco de festa com o Bóris e, depois de colocar a comida do bando nas vasilhas, olhando para Bóris, comentou:
_ Pelo jeito vou precisar de mais uma lata velha para você, né meu velho? E das grandes!
Entrou no bar pelas portas dos fundos e voltou com a comida do Bóris. Alemão soltou um suspiro de alívio. Tudo ia continuar como antes.
Na maior parte do tempo, a gangue ficava pela região da Enseada. Não muito longe do Bar do Nego. A turma do Brutus andava sumida. Ninguém ouvia falar deles. À beira-mar, ficavam ouvindo as histórias de Bóris. O velho buldogue cativava todos com seu jeito bonachão. Uma vez, ele estava contando da época que morou no Forte de São Francisco do Sul. Os outros cães não conheciam o Forte. Lorde Kennedy sugeriu:
_ Amanhã podíamos ir até o Forte.
Todos concordaram. Alemão, que já ouvira falar do Forte, alertou:
_ É bem longe! Vamos ter que sair cedo.
No dia seguinte, a gangue partiu para um dia no Forte. Nego nem tinha aberto as portas do bar. Por sorte, o sol estava encoberto. Assim, não sofreram muito no caminho.
Bem perto do Forte, na penúltima curva do caminho, encontraram com o trio sinistro: Brutus, Zarolho e Pedroca. Mas, dessa vez eles só rosnaram e arreganharam os dentes. Não eram páreo para Lorde Kennedy e sua gangue.
Na praia do Forte, Vina e Dama se maravilharam com a calmaria das águas. Parecia uma piscina. Correram para a água e se esbaldaram. Chumbinho também. Os outros três procuraram a sombra das árvores.
Logo mais, comecaram a chegar muitas familias com crianças. Vieram em um ônibus de excursão. As crianças brincaram com os cães. Alemão estava vigilante. Porém, tudo correu bem. Foi um passeio sossegado. A única excitação que houve foi quando uma arraia encalhou nas areias da praia do Forte. A criançada ficou mexendo com ela. Alguns meninos começaram a cutucá-la com gravetos. Nesse momento, Bóris deu um jeito de afastar os guris rosnando para eles. Bóris sabia fingir ser bravo. Os meninos correram e Alemão puxou a arraia pelo rabo em direção às águas do mar.
Isso aconteceu quase ao por do sol. A arraia deu um giro, curvou-se para Alemão como se fizesse um agradecimento e sumiu nas águas escuras.
Lorde Kennedy falou que estava na hora de voltarem pra casa. Chegaram no Bar do Nego que estava movimentado. Esfomeados correram para os fundos. Cada um encontrou sua lata com polenta e pedaços de carne. Era dia da famosa polenta com rabada do Bar do Nego. Estava explicada a quantidade de gente no bar até aquela hora.

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