sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

Lorde Kennedy e sua gangue

Kenedy era um piá de prédio. Ou melhor, o cãozinho de um piá de prédio. Nunca tinha ido à praia. Até aquele dia.  Foi então que passou a ser conhecido como Lorde Kennedy. Nada mais adequado para um schnauzer.
Foi no começo da primavera. Alguns anos antes disso, Kennedy tinha mudado de apartamento. A família do piá de prédio se mudou de Curitiba e ele foi deixado para trás. Ficou aos cuidados de um jovem professor que não tinha muito tempo pra ele. Depois de um tempo, a mãe do jovem professor decidiu levar o cão para seu apartamento. Lá, ele ficava a maior parte do tempo sozinho. Ela trabalhava o dia inteiro. Mas, ele tinha direito a duas saidas por dia. Pela manhã e ao final da tarde.
Um certo dia, a mãe do jovem professor resolveu passar um final de semana na praia. Tinha um cara novo na história: o namorado dela. Fazia pouco tempo que namoravam. Foram para São Francisco do Sul. Se hospedaram na casa da irmã do namorado da mãe do jovem professor. Ufa! Esta história está ficando com um monte de personagens! Kennedy foi junto. O namorado era bonzinho. E, além disso, queria agradar a namorada nova. Tudo estava indo bem. Mas... Há sempre um mas...
No sábado à tarde, enquanto a mãe do jovem professor, o namorado da mãe do jovem professor e a irmã do namorado da mãe do jovem professor conversavam na sala, Kennedy viu o portão aberto.
No dia anterior, Kennedy já tinha ido ao mar. Queria voltar. Estava impaciente. Mas, ninguém lhe dava atenção. Não deu outra. Escapuliu pelo portão aberto.
Quando os adultos da história perceberam foi um deus nos acuda. Sairam em disparada por todas as direções. Mas, não conseguiram localizar o fugitivo. Ficaram tristes, mas quando souberem dessa história vão se conformar. Uma nova vida de aventuras estava começando para o ex-cãozinho de piá de prédio.
Ele tinha ido atrás do mar. Na praia viu uma cadelinha frágil sendo assediada por um cão enorme. Um cão fila. Ela gania e tremia de medo. Kennedy não teve dúvidas. Partiu pra cima do fila. O cachorrão se assustou. Kennedy meteu os dentes na perna traseira do grandalhão. Assustado com a ousadia de Kennedy, o malvado foi embora. Kennedy falou pra cachorra:
_ Tudo bem com você? Qual seu nome.
_ Agora sim, ela respondeu. Eu sou a Dama.
Kennedy ia falar alguma coisa, mas um vira-lata preto se meteu na conversa:
_ Gostei de ver meu chapa. Botou o grandalhão pra correr. Eu sou o Chumbinho. E você, quem é?
_ Sou o Kennedy.
Imediatamente, Chumbinho emendou:
_ A partir de hoje Lorde Kennedy, o salvador da nossa Dama.
Nessa altura da conversa, chegou a Vina. Uma daschund marrom avermelhada que era um flerte do Chumbinho. Ela tinha visto a cena do outro lado da calçada da Enseada.
_ Gostei de ver, disse para o Kennedy. Aquele brutamontes estava precisando de um susto. Eu sou a Vina.
_ Estou com fome, disse Dama. Vamos atrás de comida?
_ Com certeza, respondeu Chumbinho. Vi o Alemão lá perto do bar do Nego. Deve estar na hora do Nego botar a comida dele pra fora. Sempre sobra algo.
_ Vem com a gente Lorde Kennedy.
E lá foram os quatro. Quando chegaram nos fundos do Bar do Nego, Alemão já estava comendo. Era um pastor com uma capa preta lustrosa. Boa praça, falou pra eles:
_ Chega aí gente boa. Quem é o novato?
Chumbinho apresentou o Lorde Kennedy e contou o que tinha acontecido. Alemão comentou:
_ Ih rapaz! Foi se meter logo com o Brutus. Ele vai querer tirar a forra. Mas, fique com a gente. Ele não consegue encarar mais de um.
Foi assim que surgiu a gangue de Lorde Kennedy. De dia ficam girando pelas areias de Enseada e Ubatuba. À noite cuidam do Bar do Nego, que retribui com a comida diária da gangue. De vez em quando, Brutus cruza o caminho deles. Nunca teve coragem de se aproximar. Sempre com medo do Alemão, que tinha se tornado o guarda-costas de Lorde Kennedy.

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