segunda-feira, 16 de julho de 2018

Sons do Passeio

Araras de vários tipos. Canindés. Azuis. Vermelhas. Outras aves. Igualmente agitadas. Sonoras. Caminho enquanto o sol se põe. Final de tarde invernal.
Conversas. Mulheres e homens. Moços e moças. Criancas. Brincando e gritando. À beira do lago, quase em frente à ilha dos macacos, som de trompete. Um rapaz toca. Triste. Um blues. Muito lento. Reconheço a música. Não sei nominá-la. Memória ruim para nomes de música. De fato, raramente procuro saber os títulos das músicas que ouço.
Um ponto fraco? Talvez. Não saber o nome da música já dificultou nalgumas aproximações. Tento me valer de pontos fortes. Quem não os tem? Além disso, pra que teriam servido tantos anos de estudo de estratégia? Se não souber explorar pontos fortes e minimizar pontos fracos, volte pra escola!
Porém, conquistas e seduções não estão em pauta hoje. O que me dizem os sons do Passeio?
Anos atrás, vinha com muita frequência. Morava muito perto. Era meu espaço de caminhadas. Depois, as visitas rarearam. Mudei para longe. Durante dois anos, ficava na rota de meu caminho ao trabalho. Sempre que possível a pé. Nas ruas laterais, frequentes convites. Vamos hoje querido? Recusava a todos com meu sorriso generoso. Gosto de sorrir! Me dizem generoso! Só juntei os dois.
Mais uma mudança. Dessa vez, novamente, próximo do Passeio. Retomo as caminhadas. Esporádicas. Talvez, voltem a ser hábito. Me mantenho com ouvidos atentos. Sons do Passeio. Na forma de prantos. Risadas. Negociações. Assobios. Galanteio. Imprecações. Sussurros. Estes, algumas vezes, não me escaparam. Ouvidos de professor. Em aula, de vez em quando, fingi não ouvir.  Faz parte do ser generoso. Com os estudantes. Dar-lhes uma sensação de esperteza. Ou será competência? Agora e aqui isso não importa.
No Passeio, quero ouvir. Tudo. Sempre. Sons do Passeio. Já inspiraram verso e prosa. Minha dose quase diária de escrita precisa deles. Como na semana passada. O blues à beira do lago. Contrastava o grasnado das araras. Melancolia de um lado. Vivacidade do outro. E, entre os dois humores, a vida seguindo. Preciso dos sons do Passeio...

Nenhum comentário:

Postar um comentário