Ela parecia uma noiva. Mulata. Usava um vestido todo branco. Curto.
Olhava as aves aquáticas no Passeio Público. Entre elas, um pelicano. Meio rosado. Será que todos os pelicano são dessa cor?
Aos poucos, entediada, ela caminha em direção ao portal da saída.
O pelicano não se vira. Continua virado para o interior do parque. Mas, contorce o pescoço. A cabeça vem toda para trás. Em direção ao solo. Parece querer enxergar por baixo do vestido da mulata.
Pelicano safado!
Ela? Tomou o rumo da catedral. Iria atrás do noivo?
Fui atrás. Entrou na catedral. Eu também. Fez o sinal da cruz. Eu não. Ajoelhou-se. Me sentei. Contorceu o pescoço. Sua cabeça caiu em direção ao piso. O pescoço longo como o do pelicano. Ao seu redor, velas acesas surgiram. Do Passeio Público, ressoou o grasnado do pelicano.
Contos e crônicas que vão surgindo no tempo. Na balança da vida, para o quase insuportável peso das impossibilidades, ofereço a insustentável leveza das possibilidades (Fernando Antonio Prado Gimenez)
sábado, 2 de dezembro de 2017
O pelicano e a moça de vestido branco
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