terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Um cachorro na sessão de cinema


Em Tiradentes, para participar da Mostra de Cinema de Tiradentes, em sua 27ª edição, me divido entre as diversas atividades: sessões de curtas, sessões de longas, conversas com cineastas, oficina de produção criativa, debates sobre o campo do audiovisual, entre outras.
Algo que me surpreendeu, é que toda a programação é gratuita. Mas esta não foi a única surpresa que tive por aqui.
Na terceira noite da Mostra, consegui assistir ao documentário "Eu também não gozei" de Ana Carolina Marinho dentro da Mostra Aurora. O filme traz um relato corajoso sobre Letícia, que se descobre grávida, e tem um caráter quase épico ao nos narrar como ela enfrentou o período de gravidez e nascimento de seu filho, Pedro, bem como a tentativa de descobrir por teste de DNA qual, entre quatro homens não nomeados e identificados por 1, 2, 3 e 4, seria o pai de Pedro.
Os dois primeiros deram resultado negativo. Os outros dois se recusaram a fazer o teste. Porém, mais que saber o pai de Pedro, me parece que a epopéia de Letícia nos aponta para a difícil, quase impossível, convivência entre homens e mulheres em que se preserve a possibilidade do respeito ao outro. Trata, é claro, também da vivência da maternidade solo em seus momentos felizes ou difíceis.  É um filme surpreendente,  emocionante e inspirador.
Na mesma sessão, mais uma surpresa. O filme foi exibido no Cine Tenda, um espaço para 600 pessoas, no formato de barracão, muito bem estruturado. A sessão lotada começou com as falas de Ana Carolina e mais quatro mulheres que fizeram parte da equipe do documentário. Entre elas, a própria Letícia. Contudo, além das pessoas, um cachorro se juntou a nós. Um caramelo!
Subia e descia pelo corredor central que separa os dois conjuntos de cadeiras na sala de cinema. Anunciava sua presença com eventuais latidos. Depois de cada salva de palmas. Era como se agradecesse às palmas do público. Depois se aquietou. Mesmo quando os gatos de Letícia surgiam na tela grande, Caramelo não se manifestava! Uma surpreendente presença silenciosa na plateia. Longa vida ao Caramelo e ao cinema brasileiro!

Nenhum comentário:

Postar um comentário