Ao mesmo tempo que lía, havia colocado a seleção "meu top abril" do aplicativo. Não quero aqui analisar nem o livro nem a música. Embora não me falte a vontade, me falta a competência para esta dupla tarefa. Quero apenas pontuar uma incrível coincidência entre o que lía e ouvia. Antes, porém, conto como conheci a escritora francesa e a cantora espanhola.
Li de Annie Ernaux recentemente, O Jovem, após ter ido à Festa Literária de Paraty em 2022. Fiz a assinatura de um serviço de remessa de livros bimestralmente, e foi um dos primeiros que recebi. E hoje, li o segundo, que comprei três semanas atrás em uma livraria de Curitiba. Dois pequenos livros que causam imenso prazer na leitura.
Maria Dolores Pradera, ao contrário, conheci quase três decadas atrás. Final dos anos 90, me encontrava em Madrid para um congresso científico. Por uma feliz coincidência, mais uma na vida, lá encontrei uma grande amiga, Maria José, que foi professora na UEL, no Departamento de Administração, assim como eu.
Li de Annie Ernaux recentemente, O Jovem, após ter ido à Festa Literária de Paraty em 2022. Fiz a assinatura de um serviço de remessa de livros bimestralmente, e foi um dos primeiros que recebi. E hoje, li o segundo, que comprei três semanas atrás em uma livraria de Curitiba. Dois pequenos livros que causam imenso prazer na leitura.
Maria Dolores Pradera, ao contrário, conheci quase três decadas atrás. Final dos anos 90, me encontrava em Madrid para um congresso científico. Por uma feliz coincidência, mais uma na vida, lá encontrei uma grande amiga, Maria José, que foi professora na UEL, no Departamento de Administração, assim como eu.
Uma tarde, fomos passear por Madrid. Entramos em uma loja de discos. Enquanto Maria José olhava as prateleiras, pedi à atendente um disco de alguém muito popular na Espanha. Ela não titubeou e me mostrou vários CDs de Maria Dolores Pradera. Trouxe um deles comigo para o Brasil.
Desde começo de janeiro desse ano, comecei a estudar espanhol por conta própria. Utilizo o Duolingo, que se tornou quase um vício. Diariamente, ao menos durante 30 minutos pratico a leitura, escrita, audição e fala do espanhol. 133 dias sem exceção até agora.
Certo dia, lembrei-me das canções de Maria Dolores Pradera e a busquei no Deezer. Passei por várias das canções dela e fiquei feliz por ser capaz de compreendê-las melhor agora. O esforço de aprendizagem solitária dando frutos. Daí, não ser nada surpreendente, nem coincidência alguma, que na seleção do Deezer estivesse algumas canções interpretadas por Pradera. Apenas, o algoritmo fazendo o seu devido trabalho!
O momento de coincidência quase mágica na verdade, foi a similaridade de humores e sentimentos entre o que lia e ouvia em alguns momentos dessa manhã. Em Paixão Simples, Ernaux narra a paixão que teve por um homem casado e estrangeiro que viveu um período em Paris. A certa altura do livro, conta sobre a impossibilidade dos encontros apaixonados continuarem ocorrendo, devido ao retorno dele para o seu país no leste europeu. Annie Ernaux começou assim essa narrativa:
"Há seis meses ele foi embora da França e voltou para seu país. Talvez eu nunca mais o encontre. No começo quando acordava às duas da manhã, achava que daría no mesmo viver ou morrer. O corpo inteiro doía."
Enquanto lia esse trecho, ouvi a voz de Pradera que, momentaneamente, me afastou do livro. Cantava, como escrevi no primeiro parágrafo, Perfídia, bolero composto pelo mexicano Alberto Dominguez em 1939. Assim cantava Maria Dolores Pradera enquanto eu lia Annie Ernaux :
"Y tú/Quién sabe por dónde andarás/Quién sabe qué aventuras tendrás/¡Qué lejos estás de mí!" ( E você/Quem sabe por onde andará/Quem sabe que aventuras terá/Quão longe está de mim!).
Enfim, essa coincidência mágica, me leva a sugerir: em uma possível adaptação de Paixão Simples para o cinema, essa cena de dor na solidão tem que ter Maria Dolores Pradera cantando Perfídia. Não há como não ser assim!
Desde começo de janeiro desse ano, comecei a estudar espanhol por conta própria. Utilizo o Duolingo, que se tornou quase um vício. Diariamente, ao menos durante 30 minutos pratico a leitura, escrita, audição e fala do espanhol. 133 dias sem exceção até agora.
Certo dia, lembrei-me das canções de Maria Dolores Pradera e a busquei no Deezer. Passei por várias das canções dela e fiquei feliz por ser capaz de compreendê-las melhor agora. O esforço de aprendizagem solitária dando frutos. Daí, não ser nada surpreendente, nem coincidência alguma, que na seleção do Deezer estivesse algumas canções interpretadas por Pradera. Apenas, o algoritmo fazendo o seu devido trabalho!
O momento de coincidência quase mágica na verdade, foi a similaridade de humores e sentimentos entre o que lia e ouvia em alguns momentos dessa manhã. Em Paixão Simples, Ernaux narra a paixão que teve por um homem casado e estrangeiro que viveu um período em Paris. A certa altura do livro, conta sobre a impossibilidade dos encontros apaixonados continuarem ocorrendo, devido ao retorno dele para o seu país no leste europeu. Annie Ernaux começou assim essa narrativa:
"Há seis meses ele foi embora da França e voltou para seu país. Talvez eu nunca mais o encontre. No começo quando acordava às duas da manhã, achava que daría no mesmo viver ou morrer. O corpo inteiro doía."
Enquanto lia esse trecho, ouvi a voz de Pradera que, momentaneamente, me afastou do livro. Cantava, como escrevi no primeiro parágrafo, Perfídia, bolero composto pelo mexicano Alberto Dominguez em 1939. Assim cantava Maria Dolores Pradera enquanto eu lia Annie Ernaux :
"Y tú/Quién sabe por dónde andarás/Quién sabe qué aventuras tendrás/¡Qué lejos estás de mí!" ( E você/Quem sabe por onde andará/Quem sabe que aventuras terá/Quão longe está de mim!).
Enfim, essa coincidência mágica, me leva a sugerir: em uma possível adaptação de Paixão Simples para o cinema, essa cena de dor na solidão tem que ter Maria Dolores Pradera cantando Perfídia. Não há como não ser assim!